O fenômeno da Black Friday tem se popularizado no Brasil, mas ela pode trazer algumas armadilhas para sua autoestima, nas quais pretendo lhe ajudar a não cair. Por isso, leia com atenção até o final 🙂
A Black Friday é um evento do comércio, nascido nos Estados Unidos, com o objetivo de fomentar as vendas e que acontece na sexta-feira após o Dia de Ação de Graças. Bom, pelo menos é assim que ele ocorre em sua terra natal. Aqui no Brasil as lojas aderiram à estratégia, mas o dia não se limita à sexta-feira, já que temos o Black November, Black Week e algumas Black Fridays antecipadas ao longo do ano (juro que já recebi esse tipo de anúncio no mês de maio!).
Mas talvez você esteja se perguntando “e o que isso tem a ver com minha autoestima?”, afinal, até agora você não viu nenhuma das armadilhas de que falei no começo desse texto. E você está certa. Essas armadilhas existem e são muito sutis, mas para que você entenda como elas acontecem, preciso explicar como a baixa autoestima influencia os seus hábitos de consumo.
Como você já deve saber, autoestima não se limita à sua aparência. Ela diz respeito a você se conhecer de forma profunda e reconhecer o seu valor diante da vida, confiar em si mesma e sentir-se merecedora de amor, felicidade e sucesso. Ela é a base de tudo em sua vida, afetando seus comportamentos, pensamentos, sentimentos e, em consequência, determinando todos os resultados que você obtém.
Uma pessoa com baixa autoestima (realidade que atinge a maioria absoluta de nós, mas que é assunto para outro post) tende a se sentir muito infeliz consigo mesma, com um vazio estranho dentro de si, o que ela atribui à falta de um relacionamento amoroso, de um trabalho com significado e até mesmo à falta de bens materiais. Assim, na tentativa de preencher esse vazio, é comum que pessoas com baixa autoestima desenvolvam comportamentos excessivos com comida, bebida, sexo, drogas e compras. Já dá para imaginar aonde vamos chegar, não é mesmo? Mas, vamos com calma.
Além disso, a baixa autoestima acarreta também uma sensação de inadequação, como se você fosse errada do jeito que é e precisasse ser diferente (seja em aparência ou comportamento) para ser boa o bastante e merecedora de amor. Por falar nisso, essa sensação de inadequação é muito explorada pelas indústrias, e também alimentada por elas, que, de forma direta ou indireta, passam a mensagem de que você precisa daquele produto ou de atingir aquele padrão para realmente ser boa o bastante.
Além de muito cruel, isso é uma grande mentira, porque o seu valor não depende de nada que venha de fora e não pode ser comprado, alugado ou emprestado. A sensação de completude, felicidade e a certeza de que você é boa o bastante e merecedora de amor só dependem de um trabalho interno de autoconhecimento, autovalorização e reconexão consigo mesma, ou seja, dependem de você investir nos cuidados com a sua autoestima.
Durante todo o ano essa situação já se mostra muito frequente e perturbadora, mas na Black Friday isso se potencializa absurdamente! Para onde quer que você olhe há anúncios, placas, cartazes e várias ofertas “imperdíveis” com algo que você “precisa comprar”. Sem falar naquela tonelada de e-mails promocionais que abarrotam a sua caixa de entrada.
Não há para onde correr, os anúncios estão para todos os lados. Isso gera ansiedade, uma sensação de necessidade de comprar para não ficar de fora e também a crença de estar perdendo alguma coisa e de não pertencimento por não comprar.
E para aumentar a sua angústia, os anunciantes usam e abusam de recursos psicológicos para mexer com seu emocional e levá-la a fazer aquela compra por impulso. Você não resiste e começa a passar o seu cartão de crédito, fazendo todas aquelas compras que, no fundo, no fundo, você nem queria tanto assim ou não precisava. À compra segue um sentimento de prazer e euforia, mas essa sensação não dura muito e logo, logo chega aquela velha conhecida: a culpa. Você, então, passa a se sentir culpada por ter feito aquela compra, o que também pode causar um descontrole financeiro, afinal, movida pelo desejo gerado pelos anúncios e pelo medo de perder uma oportunidade, você não calculou muito bem e gastou sem poder.
A euforia da compra passa, as campanhas publicitárias mudam o seu foco para a próxima bola da vez e você fica lá, com sua dívida, com o sentimento de culpa, inadequação, o velho vazio de sempre (que não foi embora) e agora com uma sensação de fracasso por não ter conseguido equilibrar suas finanças.
Deu para entender agora as armadilhas, como elas funcionam e o mal que se jogar na Black Friday pode causar à sua autoestima?
Pois é! O próximo passo agora é se blindar a essas armadilhas, para realmente aproveitar as ofertas, sair com sua autoestima ilesa a tudo isso e com aquela agradável sensação que faz um bem danado para sua autoconfiança, de que você se saiu muito bem diante de um desafio!
Na hora de fazer suas compras, além de acompanhar o preço do produto e se certificar de que o desconto realmente está valendo a pena (muitas lojas simulam um desconto, é o famoso “a metade do dobro”), faça-se os seguintes questionamentos:
- Qual a minha motivação para comprar? Eu realmente gostei/quero/preciso ou estou comprando porque sinto que preciso ter esse produto para pertencer? – Se for uma compra por pertencimento, ou seja, comprar porque todo mundo tem aquele produto ou porque sente que será valorizada e reconhecida por sua nova aquisição, guarde a carteira de volta na bolsa. Essa é uma daquelas pegadinhas emocionais. Não se trata do produto, trata-se da sua autoestima. Invista em cuidar de você, não de comprar mais coisas.
- Estou comprando porque gostei/quero/preciso ou só porque está barato? – Se for só porque está barato, não justifica. Esta será uma compra desnecessária, com grandes chances de você sequer usar o produto comprado (como aquelas roupas no armário que ainda estão com a etiqueta).
- Estou agindo por minha vontade própria, ou estou me sentindo pressionada para comprar porque está todo mundo comprando e falando de compras e promoções? – Se não for sua vontade/necessidade genuína, não compre. Será apenas um daqueles comportamentos de manada, que não lhe acrescentarão nada, ou melhor, a única coisa que lhe acrescentará será o sentimento de culpa.
Lembre-se sempre que o seu valor não depende de bens materiais, nem de fazer aquilo que está todo mundo fazendo. Você é única no mundo e deve agir de acordo com suas necessidades e vontades individuais.
Fazer essas reflexões, não só na Black Friday, mas antes de comprar qualquer coisa, vai lhe ajudar a consumir com consciência, sem causar danos às suas finanças, nem à sua autoestima.
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Então, vem comigo!